Incêndios

E, de novo, o drama dos incêndios. A dor de ver um país a arder

Quem me conhece, sabe que tenho uma ligação especial à Natureza e ao campo e, por isso, os incêndios a que temos assistido nas últimas semanas no nosso país deixam-me tudo menos indiferente.

A destruição que eles provocam e a paisagem enegrecida que pintam são devastadoras e fazem-nos pensar por que é que todos os anos lamentamos os muitos hectares de terreno e floresta queimados.

O que consome o fogo de um incêndio?

Fui consultar os números relativos aos incêndios rurais e à área ardida do nosso país e, apesar de no passado já terem existido registos mais expressivos, os números continuam a impressionar.

Em 2021, houve um total de 8.186 incêndios rurais e 28.360 hectares de área ardida. Além de toda a mancha verde que se perde. De todo o pulmão que desaparece. De todos os animais que sucumbem. De todas as vidas que se perdem.

Há histórias que ficam em suspenso. Pessoas que ficam sem futuro. Famílias que ficam sem horizonte. No campo e nas aldeias, a riqueza continua a estar, acima de tudo, na terra e naquilo que ela dá. Quando a terra se veste de luto, não há mais nada.

E é essa a dor maior a que assistimos quando vemos as imagens de homens e de mulheres em lágrimas e de idosos que recusam sair das suas casas, por mais próximas e mais ameaçadoras que as chamas estejam e sejam.

Só quem tem aquele apego à terra. Aquela ligação umbilical, intrínseca, visceral. Consegue perceber por que ver a sua aldeia arder é ver um pouco de si desaparecer. Há um sentimento de pertença muito forte que o fogo não consegue liquidar.

Incêndios
Incêndios

Os incêndios e os incendiários…

A somar ao drama dos incêndios vêm as notícias sobre os incendiários detidos. Percebe-se que muita daquela destruição não foi um capricho da Natureza, mas sim fruto de um crime. 

Embora os especialistas o consigam explicar e contextualizar, é difícil perceber como alguém, deliberadamente, pode atear um fogo que, muitas vezes, destrói a sua própria zona de residência.

Como é que alguém é capaz de ter prazer com o sofrimento humano, com a aflição, com o desespero do outro.

Para mim, este é um dos lados mais difíceis. Compreender que tantos destes incêndios e que tanta desta área ardida podia ter sido poupada, se não tivesse havido mão humana envolvida. 

Não importa as motivações. Atear fogo é um crime grave e com múltiplas consequências, todas elas nefastas. Portanto, deve ser sempre denunciado às autoridades.

Como evitar os incêndios?

Por vezes, na origem dos incêndios também podem estar comportamentos negligentes. Portanto, há que seguir os conselhos deixados pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas e da Autoridade Nacional de Proteção Civil:

  • Crie uma faixa de proteção à volta da casa. 
  • Tenha as árvores e os arbustos a 5 metros da casa. 
  • Nos 10 metros à volta da casa, não tenha vegetação mais inflamável.
  • Não acumule lenhas, sobras de exploração florestal ou agrícola e substâncias inflamáveis dentro da faixa de proteção. 
  • À volta da casa, tenha uma faixa com 1 a 2 metros de pavimento não inflamável.
  • Limpe e desobstrua o acesso à casa.
  • Limpe bem os telhados, as caleiras e os passadiços de madeira.
  • Instale uma rede de retenção de fagulhas nas chaminés da casa.
  • Separe as culturas com barreiras corta-fogo.
  • Não acumule lixo.
  • Prepare um plano de evacuação da casa.
  • Não faça fogo nas florestas.
  • Não lance foguetes ou fogo-de-artifício nos espaços rurais.
  • Nunca deixe que um pequeno foco de incêndio cresça.

Vamos todos adotar estes cuidados, sobretudo quando estivermos numa zona rural, e vamos ajudar a evitar, de novo, o drama dos incêndios.

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