A Guerra aqui ao lado: a Invasão e o Conflito Armado na Ucrânia
Demorei alguns dias a escrever sobre este tema, pela sensibilidade do mesmo e pela constante chegada de novas informações sobre esta guerra que, em poucos dias, já conseguiu deixar um rasto de destruição e de morte que não pode ser esquecido, nem subestimado, independentemente de qual seja o resultado desta contenda.
Este assunto toca-me em particular, não só porque tenho vários amigos ucranianos, como por ser mãe e por ser impossível ficar indiferente à imagem das ucranianas que carregam nos braços os seus filhos, enquanto deixam para trás maridos, irmãos e pais que, em vez de carregarem crianças nos braços, carregam armas que, muitas vezes, nunca dispararam.
Não há palavras capazes de exprimirem o horror a que estamos a assistir, nem palavras capazes de transmitir tudo aquilo que aquele povo está a sentir. Certo é que por entre emoções óbvias, como o medo, a revolta, o temor, a dor,… há uma mensagem muito clara que o governo ucraniano tem sabido passar e que é a da RESISTÊNCIA!
Deixemo-nos todos inspirar por esta força de resiliência e ajudemos quem estoicamente resiste!
Por que é que Vladimir Putin já perdeu esta guerra
Numa altura em que já muito se diz e se escreve sobre este conflito, retive um artigo publicado no The Guardian e que se intitula precisamente “Por que é que Vladimir Putin já perdeu esta guerra” (Why Vladimir Putin has already lost this war). O artigo é assinado por Yuval Noah Harari e, naturalmente, que o seu autor não consegue adivinhar o que vai acontecer nos próximos tempos (nem o tenta fazer.)
Acontece que há aspetos em que Putin já perdeu esta guerra. Primeiro, porque a ofensiva russa não esperava um povo tão resiliente e fiel à sua pátria e à sua identidade, como o ucraniano se tem revelado.
Pode dizer-se que Putin sempre desvalorizou os mais de 1000 anos de história da Ucrânia, não a considerando uma verdadeira nação, com um povo a sério. O Presidente da Rússia parece ter ignorado os sinais e acabado por acreditar na sua própria mentira, enganando-se a si próprio.
O seu plano parecia infalível: um exército russo poderoso; uma Ucrânia que não é membro da NATO; uma Europa dependente do petróleo e do gás russos; e um povo ucraniano disponível para tornar-se numa marionete do regime russo. Todavia, esta última premissa não se veio a cumprir e, com ela, todas as outras “tombaram”, como se de um frágil castelo de cartas se tratasse.
Não só para invadir a Ucrânia, mas também para conquistá-la e reconstruir o tão almejado Império Russo com que Putin tanto sonha, era necessário partir para um conflito sem derramar sangue inocente e sem suscitar o ódio no inimigo.
O ódio, apesar de ser um dos piores sentimentos, é em contexto de guerra aquele que mais alimenta a resistência e esta noção básica que Putin parece ter ignorado. Embora seja muito cedo para prever o que os livros de história dirão sobre esta guerra daqui a 50 anos, certo é que os ucranianos não deixarão de contar aos seus filhos, netos e bisnetos a história de um Presidente que recusou sair da Ucrânia e enfrentou a guerra “olhos nos olhos” e dos muitos civis que ousaram parar os tanques russos com as próprias mãos.
Os efeitos da guerra…
Não haja dúvidas de que foi a convicção inabalável dos ucranianos que fez os governos europeus e americano e até o povo russo tomarem posições contra a ação de Putin.
Ainda há poucos meses, muitos de nós dizíamos que a pandemia de COVID-19 ia mudar para sempre a forma como olhamos o mundo e a vida e como nos relacionamos. Porém, talvez seja esta guerra que vai realmente determinar o modo como nos assumimos enquanto espécie.
Como devemos ajudar o povo ucraniano?
A vitória da tirania e da violência terá consequências para todos nós, não importa a distância geográfica, a língua que falamos, o credo que temos ou a cor da nossa pele. Portanto, importa passar de observadores a atores, prestando auxílio a quem resiste.
Para isso, partilho convosco alguns dos pontos de recolha de bens e produtos para a Ucrânia que já existem em Portugal, apelando a que dêem o vosso contributo, não importa se pequeno ou grande. Antes de se deslocarem aos locais enumerados, entrem em contacto com eles, de modo a perceber quais os itens que estão mais em falta.
Permitam-me, ainda, que termine este texto deixando uma mensagem para todos os russos que não se revêem nesta ofensiva, mas que sofrem com as sanções que têm vindo a ser impostas ao seu país.
A resistência deste povo, visível nas manifestações que têm sido organizadas e das quais resulta um número elevado de detenções, é outra lição de coragem e de força que esta guerra também nos tem ensinado, desta feita do outro lado da barricada.
Não tomem o todo pela parte. Esta não é uma invasão perpetrada pela Rússia, mas sim por Putin e pelos seus homens!
Alguns dos pontos de recolha de bens e produtos para a Ucrânia
Centro
Leiria
- Câmara Municipal de Leiria
- Juntas e Uniões de Freguesia do concelho
- Quartéis de bombeiros de Leiria, Maceira, Ortigosa e Monte Redondo
- Estádio Municipal de Leiria
Fundão
- Centro das Migrações do Fundão (Seminário do Fundão)
Lisboa
- Palácio Baldaya
- Junta de Freguesia da Misericórdia
- Pavilhão Multiusos da Ajuda
- Junta de Freguesia de Arroios
- Junta de Freguesia de Moscavide e Portela
- Bombeiros Voluntários, Creche e Jardim de Infância ou o Centro de Dia Social e Comunitário
- Junta de Freguesia do Areeiro
- Junta de Freguesia de Alcântara
Loures
- Oficina Promax Car
Setúbal
- Associação Anjos de Misericórdia
Norte
Vila Nova de Gaia
- Seminário Cristo Rei
Viseu
- Câmara Municipal de Viseu
- Instituto Politécnico de Viseu
- Associação Viriatos
- Associação dos Ucranianos de Viseu
Braga
- Braga SOS Ucrânia (91 289 58 60)
Sul
Estremoz
- Câmara Municipal de Estremoz
Évora
- Seminário Maior de Évora
Faro
- Associação dos Ucranianos no Algarve