Sabem do que se trata a anaplastologia? Explico-vos em seguida

Muitos de vós, provavelmente, nunca terão ouvido falar desta palavra que até vos parecerá um pouco estranha. Mas a anaplastologia refere-se a uma área muito importante da medicina, pois engloba aquilo que designamos por próteses maxilo faciais, como as do nariz, do olho, da orelha, entre outras, ou seja, próteses realistas de partes do corpo ou da face.

Na Clínica Zenha, já tivemos a oportunidade de tratar alguns pacientes e de ter alguns casos de prótese do olho e da orelha e de ter agora “em mãos” um doente onde vamos trabalhar uma prótese de orelha. Mas deixem-me falar-vos um pouco mais sobre a anaplastologia.

Anaplastologia

Esta é uma área da medicina que se encontra em adaptação, principalmente com o surgimento de novas tecnologias, como impressoras 3D de silicones por exemplo. 

Ela visa diagnosticar e tratar anomalias ou traumatismos da cavidade oral, face e estruturas adjacentes, devido a defeitos congénitos, traumatismos ou doenças oncológicas.

Para tratar essas anomalias ou traumatismos, recorre-se a próteses e implantes, que recuperam funcional e esteticamente a zona afetada. Esta é, por isso, uma solução possível, mas apenas quando a reconstrução cirúrgica já não é uma opção.

Não há uma idade concreta a partir da qual o indivíduo possa ser submetido a este tipo de tratamento. Basicamente, considera-se que uma pessoa pode receber uma prótese deste género a partir do momento em que a estrutura óssea da zona do corpo afetada já não sofre mais alterações ao longo da vida.

Para o sucesso da anaplastologia, é importante o trabalho em equipa de várias especialidades, nomeadamente cirurgia plástica reconstrutiva, prótese dentária, engenharia biomédica, ortodontia e reabilitação oral.

Tratamento

Primeiramente, é necessário fazer uma análise médica da disfunção apresentada pelo paciente. Para isso, é útil tirar fotografias, fazer medições e, naturalmente, estabelecer um plano. 

Outros aliados deste processo são o scanner digital, por um lado, e os moldes em cera ou silicone, por outro. Assim, é mais fácil garantir que a prótese se irá ajustar perfeitamente ao paciente.

Quando a prótese está pronta e se confirma que está bem adaptada ao paciente, então ela é colocada sobre implantes ósseos em titânio, material biocompatível e que, por isso, oferece um baixo risco de rejeição por parte do organismo. 

O processo de fixação pode ser feito por íman, barra ou retenção dos tecidos e adesivos químicos. Deste modo, a prótese manter-se-á estável, o que oferece maior conforto e segurança ao paciente. 

Quanto à duração do tratamento, desde a avaliação até à colocação da prótese, ele varia um pouco de caso para caso, mas pode demorar aproximadamente 1 mês, o equivalente a 4 a 5 consultas.

Após concluir o tratamento, o paciente pode retomar a sua rotina diária habitual, nomeadamente a prática de desporto e de exercício físico.

Manutenção

Os cuidados a ter com a prótese são explicados ao paciente. 

Em alguns casos, pode ser recomendada a remoção e a limpeza diárias da prótese, de modo a prevenir o desenvolvimento de bactérias que prejudiquem este tratamento.

Anualmente, pode ainda ser necessário fazer pequenos ajustes na prótese, de modo a garantir que ela mantém a sua estabilidade e que continua a oferecer conforto e segurança ao paciente.

Passados 3 ou 4 anos, a prótese deve ser substituída quer para manter a sua função mecânica, quer estética, já que a prótese não acompanha as mudanças físicas do corpo, como o crescimento ou o envelhecimento.

O caso do Bartolomeu

Um dos casos de anaplastologia que tivemos oportunidade de tratar na Clínica Zenha foi o do Bartolomeu, que sofreu um traumatismo aos 8 anos de idade, quando foi atropelado e arrastado. 

Na sequência desse acidente, o Bartolomeu ficou com lesões na zona ocular e em alguns tecidos e ossos da região da sobrancelha. Esteve sem tratamento até aos 22/23 anos, altura em que começou a ser acompanhado na nossa clínica.

Convém dizer que, idealmente, para colocar uma prótese ocular, é preciso que haja uma cavidade onde a prótese possa pousar. Esta condição não se verificava no Bartolomeu, que tinha um tecido reto e, por isso, também tivemos de criar essa cavidade para colocar a prótese.

O passo seguinte foi, então, fazer a chamada prótese maxilo-facial, que incluía o olho, a sobrancelha e as pestanas. O desenho desta prótese foi feito pelo Jose Peidro, um protésico de Valência que desenha, esculpe, pinta, maquilha e cose as sobrancelhas e as pestanas nestas próteses, que são uma verdadeira obra de arte.