Todos diferentes, todos iguais. Não concordam?
Para mim, esta é uma ideia básica que norteia toda a minha vida, quer pessoal, quer profissional. Não concordo que se categorizem as pessoas em função das suas caraterísticas (sejam elas quais forem), mas a verdade é que isso ainda acontece.
Muitas vezes, são as próprias pessoas a sentirem essa necessidade de se agruparem em comunidades para, desse modo, ficarem mais fortes e conseguirem ter mais representatividade. Por isso, hoje decidi falar-vos da comunidade LGBT e dos desafios que ela ainda enfrenta, diariamente.
LGBT: o significado por detrás da sigla
Desde os anos 90 do século passado que a sigla LGBT se vulgarizou, referindo-se a uma comunidade composta por Lésbicas, Gays, Bissexuais e Transgénero. Atualmente, são já várias as siglas existentes, nomeadamente:
- LGBTQ, em que a letra Q se refere a pessoas queer ou que ainda se encontram a questionar a sua orientação sexual ou identidade de género;
- LGBTI, em que a letra I se refere a pessoas intersexo;
- LGBT+, em que o sinal + se refere a qualquer minoria que não esteja representada nas letras iniciais;
- LGBTQIA+, em que a letra A se refere a pessoas assexuais, agénero ou arromânticas.
Polémica recente
Apesar das siglas serem cada vez mais abrangentes e incluírem cada vez mais minorias, a aceitação dos direitos da comunidade LGBT continua a ser uma luta em vários países, mesmo nos europeus.
Muito recentemente, a Comissão Europeia instaurou processos de infração à Hungria e à Polónia, devido a alegadas situações de desigualdade, no que concerne aos direitos fundamentais da comunidade LGBT.
O que está em causa na Hungria
A 15 de junho, a Hungria aprovou uma lei anti-LGBTIQ que sustenta a proibição da “promoção” da homossexualidade junto dos cidadãos com menos de 18 anos de idade.
De acordo com a Comissão Europeia, esta lei húngara viola a dignidade humana, a liberdade de expressão e de informação, o respeito pelo direito humano e, ainda, os próprios valores europeus, consagrados nos Tratados da União Europeia.
Além disso, já a 19 de janeiro, a Hungria obrigou uma editora a publicar num livro infantil, que continha histórias com personagens LGBTIQ, um aviso em que alertasse para o facto daqueles conteúdos descreverem comportamentos desviantes, em relação ao papel tradicional de cada género. Acerca deste acontecimento, a Comissão Europeia também considerou existir restrição da liberdade de expressão e discriminação dos motivos de orientação sexual.
O que está em causa na Polónia
Desde 2019 que a Polónia possui “zonas livres de pessoas LGBTIQ”, algo que foi questionado pela Comissão Europeia, mas que não obteve uma resposta satisfatória por parte do governo polaco.
Posição da Comissão Europeia
Apesar da posição da Comissão Europeia ser bastante clara através da instauração destes processos de infração, a sua Presidente, Ursula Von der Leyen, reforçou recentemente a postura da Comissão relativamente a estes temas, declarando:
“A Europa nunca irá permitir que partes da nossa sociedade sejam estigmatizadas seja devido a quem amam, à sua idade, etnia, opinião política ou crença religiosa. Porque nunca nos podemos esquecer: quando defendemos uma parte da nossa sociedade, estamos a defender a liberdade da nossa sociedade como um todo.”
O que penso enquanto cidadã e empresária
Como já partilhei convosco no início deste artigo, penso que questões como as abordadas já não se deviam colocar em pleno século XXI. Porém, elas continuam na ordem do dia e, por isso, nunca é demais falar sobre elas, na esperança de alertar as consciências de todos, mesmo daqueles que não fazem parte da comunidade LGBT, mas a respeitam, como é o meu caso.
Na minha rede de família, de amigos e até de pacientes, conheço pessoas que são LGBT, mas que não gosto de catalogar dessa forma, pois para mim elas são muito mais que isso. Têm um nome, um rosto, uma personalidade. E, na verdade, a sua orientação sexual é algo em nada relevante para mim, da mesma maneira que o facto de eu ser heterossexual também não é importante para eles.
Se esta é a minha posição enquanto cidadã, não é diferente como empresária. Acho que também há um passo a dar neste sentido. Ou seja, é importante que a discriminação social acabe, mas também que esse fim se estenda ao contexto profissional. Isto é, ser ou não ser LGBT não deve funcionar como um critério de admissão de alguém a um dado posto de trabalho.
E vocês? O que sentem em relação a este tema? Já foram discriminados ou conhecem quem tenha sido por pertencer à comunidade LGBT? De que forma se manifestou essa segregação? Partilhem as vossas histórias.
Nota: Se pertencem à comunidade LGBT e sentem que precisam de algum tipo de apoio ou de informação, entrem em contacto com a Associação ILGA Portugal – Intervenção Lésbica, Gay, Bissexual, Trans e Intersexo. Esta é a maior e mais antiga associação de luta pela igualdade e contra a discriminação das pessoas LGBTI+ e das suas famílias em Portugal.