Doutoramento: um sonho adiado, mas não esquecido…

Cada vez mais acredito que aquilo que nos move na vida e nos faz crescer é a nossa capacidade de sonhar, uma e outra vez, criando novos objetivos assim que outros são alcançados.

Felizmente, há ainda muitos projetos que quero pôr em prática e posso dizer que o final do ano de 2021 foi rico na concretização de muitos deles. Além de ter sido novamente mãe, retomei um sonho que há muito tinha guardado “na gaveta”: retomei o meu doutoramento… Continuem a ler para saberem mais sobre esta minha aventura.

Janeiro de 2008

Não, a história do meu doutoramento não começa no final de 2021, mas sim há 13 anos quando, em janeiro de 2008, iniciei o meu doutoramento em Barcelona. Nessa cidade magnífica, completei os dois anos respeitantes à parte académica e fiz a apresentação do projeto.

Tive um ótimo orientador, Prof. Tòmas Escuín, especialista em prótese facial, o qual em muito contribuiu para o meu gosto por prótese reconstrutiva (nariz, olho e orelha).

Regresso ao Porto

Porém, houve uma altura em que decidi que devia regressar ao Porto e fazer o meu doutoramento na Invicta. Para isso, tive de fazer um exame de admissão e criar um novo projeto de doutoramento, diferente daquele que tinha delineado em Barcelona.

Tive, mais uma vez, a sorte de ter tido ótimos orientadores (Prof. Sampaio Fernandes e Prof. Doutor João Carlos Pinho) e de ter estado no departamento prótese e oclusão, do qual também gosto muito, além de ter sido assistente dos alunos do Mestrado de Reabilitação.

Acontece que este doutoramento exigia que eu não trabalhasse um dia e meio por semana, o que era difícil, uma vez que me encontrava no início da minha carreira profissional. Além disso, os custos eram incomportáveis e, por isso, ao fim de dois anos suspendi, novamente, este projeto.

Novembro de 2021

No final da gravidez, a um mês da Victória nascer, o Prof. Doutor Horácio Costa desafiou-me a retomar o meu doutoramento, desta vez em Biomedicina na Universidade de Aveiro. Como tenho uma equipa de trabalho fantástica, mesmo com 8 meses de gestação, abracei de novo este sonho.

Comecei as aulas em novembro, a semanas da Victória nascer e enquanto me encontrava a mudar de casa. É caso para dizer que, para mim, o final do ano de 2021 foi intenso, mas cheio de coisas boas!

Balanço

Nesta fase, encontro-me a terminar as aulas do 1º ano e muito entusiasmada por ter retomado este sonho. Além de ter como objetivo concluir o meu projeto de doutoramento, sempre quis dar aulas e ensinar e o doutoramento é um meio essencial para conseguir concretizar esse meu outro sonho.

O Sonho

A este propósito, lembrei-me daquele poema sobejamente conhecido “Pedra Filosofal”, de António Gedeão, em que o poeta diz que:

Eles não sabem que o sonho / É uma constante da vida / Tão concreta e definida / Como outra coisa qualquer.

De facto, para mim, o sonho é mesmo algo constante na minha vida, pois não sei viver sem sonhar, sem criar novos objetivos e sem lutar para alcançar novos sucessos e conquistas.

Para mim, como para o poeta,

sempre que o homem (ou a mulher) sonha / O mundo pula e avança.

É também esta mensagem que tento passar aos que me rodeiam, pois acredito realmente que o sonho comanda a vida e sem a inquietação que ele nos provoca a vida perde a graça ou mesmo o sentido.

Contudo, isso não significa que consigamos concretizar todos os nossos sonhos, nem que eles se realizem na data e hora que idealizamos, tal como a minha história de doutoramento comprova. No entanto, não será na luta pelo alcance do sonho que está o verdadeiro prazer de viver e de sonhar?

Digam-me o que pensam sobre este tema e quais os sonhos que continuam a manter guardados na gaveta!