Convido-vos a passar um dia em Serralves. É fantástico!
Há umas semanas, tive a oportunidade de ir até Serralves com a minha filha Mariana e foi uma experiência excelente. Eu adorei e a minha filha também, pois não faltam coisas para ver, nem para fazer neste espaço situado em plena cidade do Porto.
Fomos ao museu e às respetivas exposições, mas também passeámos nos 18 hectares do Parque. Para uma próxima ida, ficará a caminhada pelo fabuloso passadiço que se estende pelas copas das árvores e uma visita noturna para aproveitar a exposição Serralves em Luz que ilumina o Parque através de um jogo incrível de cores.
Para já, deixo-vos algumas notas sobre as três exposições de que mais gostei!
AI WEIWEI: ENTRELAÇAR
PEQUI VINAGREIRO, RAÍZES E FIGURAS HUMANAS
Ai Weiwei é uma figura incontornável do panorama cultural atual sendo, além de artista, um importante pensador e ativista. As suas obras refletem isso mesmo e, por isso, centram-se nas principais problemáticas contemporâneas, como é o caso das questões ambientais e da desflorestação da Mata Atlântica brasileira.
As próprias esculturas da sua autoria que estão em exibição correspondem aos “restos” daquilo que, em tempos, foi uma Mata frondosa e verdejante. As raízes das árvores têm um impacto gigante, pela sua dimensão e pela importância que assumem no contexto da própria sobrevivência do ser humano e do planeta.
Um dos destaques vai, necessariamente, para a Pequi Tree [Pequi vinagreiro], em exibição no Parque e exposta pela primeira vez. Trata-se de uma árvore em ferro fundido com uns impressionantes 32 metros de altura. Mais uma vez, este trabalho pretende evidenciar a dificuldade que o homem tem demonstrado em viver em harmonia com a Mãe Natureza.
Sem dúvida, uma exposição a não perder!
Mais informações, aqui.
LOUISE BOURGEOIS
DESLAÇAR UM TORMENTO
Até 19 de setembro ainda podem ver esta outra exposição de que também gostei particularmente. No fundo, trata-se de uma retrospetiva do trabalho de Louise Bourgeois, falecida em 2010. Todas as obras que vemos foram concebidas entre finais dos anos 1940 e 2010.
As principais temáticas abordadas por esta artista giram em torno das suas próprias experiências de vida, sobretudo acontecimentos traumáticos da sua infância, como os dramas familiares, a sexualidade, o corpo, a morte e o inconsciente.
Um trabalho que é uma espécie de catarse e que envolve e capta a nossa atenção.
Mais informações, aqui.
NALINI MALANI
UTOPIA!?
Esta foi outra exposição que adorei mas, para a verem, têm mesmo de se apressar, pois ela encerra já no próximo dia 29 de agosto, domingo.
Esta foi a primeira exposição em Portugal desta artista indiana, que se tem destacado mais pelas suas pinturas e desenhos. Porém, o que podem ver em Serralves é uma faceta diferente, mas muito interessante, relacionada com as animações que a artista produziu dos finais dos anos 1960 até hoje em dia.
Nalini Malani merece ainda ser reconhecida pelo seu papel enquanto feminista e mulher que se conseguiu afirmar nos anos 60 do século passado no meio artístico indiano, maioritariamente dominado por homens.
As suas animações refletem bem este seu lado, já que se debruçam sobre questões sociais, centrando-se nos marginalizados e em temas como o feminismo, a violência, as tensões raciais e os legados pós-colonialistas.
A exposição em Serralves foca-se sobretudo na independência da Índia e nas expectativas que tal gerou e, posteriormente, na desilusão de um futuro (presente) que seguiu um rumo diferente do esperado.
É ainda possível visitar uma instalação imersiva da artista, composta por nove projeções vídeo com animações e frases de pensadores ilustres, as quais pretendem servir de reflexão mais global acerca da violência exercida sobre os mais fracos ou desprotegidos, no fundo, os silenciados, os injustiçados e os mais carenciados.
Segundo Nalini Malani, a sua forma de reagir a algo que vê ou que lê é desenhando. Não é incrível ter o desenho como expressão primária dos sentimentos e das emoções?
Esta exposição é, em alguns momentos, um “soco no estômago” e não podia ser mais atual, num momento em que assistimos à opressão dos indefesos em vários pontos do globo.
Vale ainda a pena dizer que Nalini Malani recebeu o Prémio Joan Miró 2019, importante reconhecimento no universo da arte contemporânea.Mais informações, aqui.
Mas, como disse no início deste artigo, há muito mais que podem ver e fazer em Serralves.
Por isso, aquilo que sugiro, sobretudo enquanto o clima está bom e o horário de verão parece prolongar os dias, é que quando tiverem um dia livre e estiverem pelo Porto sem nada programado para fazerem, vão até Serralves.
Sozinhos, com a família ou com amigos, Serralves tem o dom de acolher bem todos. Novos e velhos. Experts em arte ou meros curiosos.
Já foram a Serralves? Qual o vosso espaço favorito? Que exposição não conseguem esquecer? Partilhem comigo as vossas experiências!