Não deixemos que nos coloquem a burka…
A atualidade impõe-se e, nos últimos dias, é impossível pensar ou escrever sobre outra coisa que não o horror que se instalou e se alastra no Afeganistão. O regresso dos talibã traz consigo um rasto de medo e de terror que ameaça os direitos e as liberdades mais básicas de qualquer ser humano, sobretudo das mulheres.
É impossível acompanhar todas as notícias e relatos que, minuto a minuto, vão caindo na internet e vão antecipando aquilo que se avizinha, como quem prevê um tsunami que promete dizimar tudo o que encontrar à sua frente.
Porém, há informações especialmente marcantes que me fazem dizer que nós, privilegiados e privilegiadas por tão simplesmente podermos vestir aquilo que entendemos, não podemos colocar uma burka e ignorar tudo o que se está a passar naquela região do globo. Afinal, aquelas mulheres podíamos ser nós, as nossas filhas ou as nossas netas…
Não deixemos que nos coloquem a burka… A situação no afeganistão
Como disse, os dados sobre o que se passa no Afeganistão estão em constante mutação e, por isso, é impossível saber de tudo aquilo que ocorre. Certo é que cada acontecimento tende a ser mais chocante e horrendo do que o anterior e a ameaça que paira sobre as mulheres afegãs é verdadeiramente agonizante.
Lista de proibições talibãs, relativas às mulheres
Talvez já se tenham cruzado com uma lista de proibições talibãs, relativas às mulheres, a qual foi traduzida para português pelo humorista Nuno Markl, que gentilmente a partilhou na sua página de Instagram.
Apesar de ser importante ler ponto a ponto para perceber a gravidade de tudo o que é defendido por este grupo extremista, é possível sintetizar em poucas palavras o princípio base de todas essas proibições.
Segundo o regime talibã, a mulher não deve ser vista, nem ouvida e só pode sair de casa, se acompanhada por um familiar homem. Como se esta redução da mulher à condição de coisa ou de objeto não fosse suficiente, estas regras prevêem ainda os açoites, os espancamentos e os abusos verbais contra todas as mulheres que, no fundo, incumprirem com alguma destas normas.
Estamos perante um retrocesso civilizacional e um atentado à Declaração Universal dos Direitos Humanos que defende, logo no seu primeiro artigo que “Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos.”
O verdadeiro significado da palavra “desespero”
No nosso dia a dia, já todos usámos o termo desespero para descrever uma situação ou até um estado de alma. Contudo, as palavras ganham um outro sentido e dimensão quando assistimos a certas imagens.
Muitos terão assistido ao desespero das muitas pessoas que, assim que se aperceberam da presença talibã, procuraram sair da cidade de Cabul. Esse desespero e essa tentativa de fuga continua a viver-se, sendo que alguns dos relatos mais recentes são verdadeiramente arrepiantes.
Chocou-me particularmente o testemunho de um oficial britânico que contou ao jornal Independent que “as mães [afegãs] estavam desesperadas, estavam a ser espancadas pelos talibãs. Gritavam ‘salve o meu bebé’ e atiravam-nos para nós. Alguns [bebés] caíram no arame farpado. Foi horrível o que aconteceu. No final da noite não havia nenhum homem entre nós que não estivesse a chorar.”
O que podemos fazer para não deixarmos que nos coloquem a burka
Num momento em que nos encontramos, sobretudo, dominados pela perplexidade daquilo que está a acontecer e dos vídeos que nos chegam pelos mais variados canais, importa perceber o que, mesmo à distância, podemos fazer para ajudar a combater este flagelo humanitário.
Por isso, decidi terminar este artigo com sugestões de como podem tomar parte ativa neste conflito que é um problema de todos, mesmo de quem está do outro lado do mundo.
Tomem nota de algumas ideias muito úteis e importantes que podem pôr em prática:
- Assinar petições que procurem proteger os cidadãos afegãos da ameaça talibã. Alguns exemplos são: #AntiRefugeeBill e Create safe passages from Afghanistan
- Fazer doações à Afghanaid, à MileMigrants, ao Comité Internacional de Resgate (IRC) ou ao Act For Afghanistan, por exemplo;
- Apoiar os refugiados, nomeadamente através de ações de voluntariado. Para isso, pode ficar a saber mais na Plataforma de Apoio aos Refugiados e no Centro de Acolhimento para Refugiados.
Conhecem outras formas de apoiar os muitos cidadãos afegãos que estão, neste momento, à procura de ajuda para encontrarem um lugar onde possam viver em segurança, em paz e em liberdade?
Partilhem comigo informações úteis e, também, a vossa perceção sobre este tema.
Termino este artigo com um tema de Paolo Nutini, que diz tanto sobre o que se está a viver:
Iron Sky – Podem ouvir a música completa na sua página de youtube: bit.ly/paolonutiniironsky
But the flames couldn’t go much higher
We find gods and religions to
To paint us with salvation
But no one
No nobody
Can give you the power
And over hate
Through this iron sky
That’s fast becoming our minds
Over fear and into freedom
Left dripping down the walls
Of a dream that cannot breathe
In this harsh reality
Mass confusion spoon fed to the blind
Serves now to define our cold society
Over hate
From this iron sky
That’s fast becoming our minds
Over fear and into freedom
You just got to hold on!
The misery that is now upon us is but the passing of greed
The bitterness of men who fear the way of human progress
The hate of men will pass, and dictators die
And the power they took from the people will return to the people
And so long as men die, liberty will never perish
Don’t give yourselves to these unnatural men
Machine men with machine minds and machine hearts!
You are not machines, you are not cattle, you are men!
You, the people, have the power to make this life free and beautiful
To make this life a wonderful adventure
Let us use that power!
Let us all unite!)
And over hate
Through this iron sky
That’s fast becoming our minds
Over fear
And into freedom
Into freedom!
And over hate
Through this iron sky
That’s fast becoming our minds
Over fear and into freedom
Freedom!
And over hate
Through this iron sky
That’s fast becoming our minds
Over fear and into freedom
Freedom!
Rain on me!
Rain on me!